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MESTRE ALMEIDA




                   Como funciona a Bruxaria?

1   Bruxaria e Maldições
  Se queremos   entender como funciona a bruxaria, temos de mergulhar nos   conhecimentos mais ancestrais sobre essa pratica espiritual.
  Quando   falamos de magia ou de bruxaria, mais   concretamene na antiguidade, ( nas civilizações Egipcia, Grega e Romana), estas   revestem-se de processos esotericos que foram beber aos conhecimentos misticos   mais ancestrais e que ainda hoje perduram nas actuais praticas magicas.
  Sendo que os mais ancestrais saberes se perderam ao longo dos tempos,   podemos encontrar nessas civilizações da Antiguidade, ( civilizações   Greco-Romanas e Egipcia), fontes de conhecimento bastante esclarecedoras.
  Antes demais, é curioso é verificar que nas praticas magicas da   Antiguidade Classica, toda a bruxaria era operada atraves de maldições.
  Nos tempos Greco-Romanos e Egipcios,   existiam varios tipos de maldições para varios fins.
Haviam 5 tipos de finalidades de maldições na bruxaria da antiguidade:

 

  • 1-litigio- realizadas para vencer litigios, seja em tribunais, na vida   pessoal, ou social, ou na politica

  • 2-competição - realizadas para vencer competições desportivas ou na   arte

  • 3-oficio - realizadas para vencer nos negocios, nos assunto   profissionais e financeiros, etc.

  • 4-erotica - realizadas para unir ou desunir pessoas, seja   sentimentalmente seja sexualmente

  • 5-justiça - realizadas para obter vingança

 

Como podemos concluir, ontem como hoje os objectivos da   bruxaria permanecem inalterados.
  As maldições que a bruxaria produzia nesses tempos, eram realizadas com as 5   finalidades acima descritas e no fundo, e como vamos compreender mais adiante,   toda a bruxaria era, ( e ainda é e sempe será), feita com recurso a maldições   que são materializadas com recurso á necromancia.
  No entanto, veja-se   que a maldição de que se falava na Antiguidade Classica, na verdade correspondia   a uma forma de bruxaria e nao exactamente ao conceito de maldição como hoje em   dia é comummente entendido.
  Hoje em dia quando falamos de «maldição», entendemos imediatamente tratar-se de uma especie de praga   destinada a matar ou eliminar alguem.
  No entanto, as maldições produzidas pela bruxaria, nao tinham propriamente   objectivo de matar, ( pelo menos, nem sempre...), mas antes elas podiam e eram   direccionadas a causar um certo efeito na vida da pessoa visada.
  Podiam   e eram maldições temporárias, condenando alguem a fins como:
  - ter um desejo sexual louco por uma certa pessoa; ou condenando alguem   a perder uma causa na justiça; ou condenando alguem a perder um grande negocio   em deterimento de outrem; ou condenando alguem a perder uma prova desportiva em   deterimento de segunda pessoa; ou condenando alguem a casar com certa pessoa;   etc.
  As maldições eram inscritas em Placas de   Maldições, ( que eram placas maleáveis como papiro, mas feitas de   chumbo, ou entao mesmo em papairo tratado para esse especial fim), assim como em bonecas do tipo Vodu.

2-     As Bonecas   Vodu
  Na verdade, as bonecas tipo vodu são   muito mais antigas do que comummente se julga.
  Essas bonecas de   maldições, onde eram trespassados alfinetes e inscritas tanto orações como os   pedidos da bruxaria realizada, remontam ao antigo Egipto.
  Exemplos delas   podemos encontrar no museu do Louvre, onde ali estao exibidas bonecas usadas   para fins magicos que remontam a II-III d.C. e mesmo periodos anteriores da   antiguidade Egipcia.
  As bonecas de vodu, como hoje sao conhecidas, eram   denominadas «Kolossoi» entre os magos Gregos.
  As maldições eram executadas atraves da boneca,   torcendo das formas mais violentas os membros dessa, assim como horriveis   mutilações. Nao se pretendia com isso mutilar a vitima, nem causar a destruição   fisica do visado pela bruxaria, mas antes confundir os seus desejos, a sua   vontade e os seus esforços, de forma a que se conseguisse obter um certo fim.   Por exemplo:
  - se se deseja uma mulher ou homem, pretende-se causar-lhe   tal nivel de desnorte, que essa pessoa venha a cair nos braços de alguem sem   saber como, tal a forma como fica fragilizado; Se se deseja ganhar um negocio a   um competidor, o objectivo é torna-lo de tal forma confuso e sem forças, que ele   perca controle da situação e seja vencido; etc....

3-     As Placas de Maldição e a origem do termo   «Amarração»
Na Grecia e em Roma, era contudo mais frequente   executar bruxaria atraves das Placas de Maldições, que eram   folhas de chumbo preparadas para a realização de actos magicos e espirituais.
  Os trabalhos de magia podiam igualmente ser executados em papiros preparados para esse efeito.
  É curioso que todo   o tipo de maldição inscrita nas placas ou bonecas, era   denominada de «amarração».
O termo «amarração» advem do Grego «Katadesmos», «Katadesmoi»,   «Katadein».
O termo deriva de um verbo encontrado nas próprias   placas de maldição e que significa «prender», «amarrar»,«restringir».
O termo é usado por Platão na sua obra «Republica», e refere-se tanto á forma fisica das placas de maldição, (   que sao «enroladas», como que «amarradas» sobre si mesmas quando o feitiço nelas   inscritas esta redigido e concluido), como á própria função das mesmas placas,   que é «restringir» a vida de alguem.
  No latim, o termo provem de   «defixio» que significa igualmente amarrar e que igualmente pode ser encontrado   nas placas de maldição romanas.
  Por isso, o trabalho a que actualmente   chamamos «amarração», nao é na verdade um trabalho   exclusivamente amoroso ou com fins eroticos, tal e qual hoje comummente é   entendido.
  Na verdade, todo o trabalho de bruxaria era   feito por via de uma maldição, e todo esse trabalho por sua vez   era denominado uma «amarração».
Explica-se:
  - a amarração visava   «amarrar» a pessoa visada pela bruxaria a um certo fim, a um certo destino.
  Por isso se dizia que uma pessoa embruxada tinha sido «amarrada», pois a   vida dessa pessoa tinha sido restringida de forma a que certo efeitos lhe   sucedessem.
  Daí o termo «amarração», que era igual a dizer que a pessoa   fora «amarrada» ou «condicionada» de forma a que certos efeitos lhe sucedam na   vida.
  Na antiguidade, dizer que alguem tinha sido amarrado, era equivalente a dizer que alguem tinha sido embruxado, fosse para que finalidade fosse.
  Mas o termo   esoterico de «amarração» tem outra origem e explicação, esta   talvez mais tecnica do ponto de vista da metodologia mistica.
  Nesses   tempos ancestrais, atraves do processo magico, entendia-se que a alma da pessoa   visada pela bruxaria era amarrada a um espirito de um morto, sendo que o   espirito desse morto iria ficar na vida da pessoa amaldiçoada, até que esse   espirito do falecido fizesse cumprir o objectivo da bruxaria na vida dessa   pessoa enfeitiçada.
  Para melhor entender:
  os cemiterios eram por isso tidos como locais ferteis para a   pratica de bruxarias, porquanto neles abundavam espiritos de mortos.
  A placa de maldição, onde estavam inscritas orações de conjuro, a   maldição e o nome da vitima, era amarrada á mao do morto, ou amarrada ao corpo   do morto.
  Desta forma, procurava-se atraves de um metodo   necromantico, que o espirito do defundo a quem a bruxaria foi amarrada,   se encarregasse de ir para a vida da pessoa embruxada e cumprisse a missao que   lhe foi encomendada.
  No fundo, o contacto da placa de   maldição com o morto, deveria atraves de um processo   de necromancia, levar a vitima e ser restringida pela acção do   espirito desse mesmo morto.
  A vitima era quase sempre assinalada na Placa de Maldição pelo seu nome e pelo nome da   sua mae, pois a mae era uma fonte segura de identificação certa da vitima, ao   passo que a identificação do pai poderia levar a equivocos.
  Dessa   situação, falava o provebio latim, ao declarar: «Pater incertus, Mater   certa».

4- Locais de Despacho das Placas de   Maldição
  As sepulturas eram os locais   fundamentais para se proceder ao deposito das Placas de Maldiçao, e assim a   completar execução de um trabalho de bruxaria por meios de uma maldição.
  As sepulturas ou covas preferidas pelos bruxos, eram as   de pessoa que tinham falecido tragicamente e vitimas de morte violenta.
  Assim era praticado, pois diziam os velhos conhecimentos espirituais que   as almas daqueles que morreram permaturamente vagueiam perto das suas covas em   tormento e sem descanso, até que chegue a altura em que deveriam ter partido   para o mundo espiritual. Até chegar essa hora, todos esses espiritos que   vagueiam se descanso na terra, sao passiveis de serem facilmente invocados.
  Tambem os campos de batalha, assim como os locais de execução de pessoas, ou mesmo os locais em que as   pessoas tinham falecido sem oportunidade de se lhes oferecer os ultimos ritos de funeral, eram tambem outros dos mais poderosos locais   para a execução de bruxarias na forma de maldições.
  Como já foi explicado, sabia-se que a alma   de pessoas que faleceram de morte violenta, ou que o espirito   de pessoas que morreram permaturamente, iriam permanecer   vaguendo por este mundo até que chegasse a hora em que deveriam na verdade ter   falecido, e apenas nessa hora as ditas almas amarguradas abandonariam este   mundo.
  Como essas almas vitimas de morte violenta ou permaturas,   faleceram antes dessa hora, dizia-se que esses espiritos estavam condenados a   percorrer este mundo como fantasmas em tormentos. Ora, os campos de batalha e os   locais de execução de criminosos eram locais ferteis em pessoas que tinham sido   mortas de forma violenta e certamente abreviando a sua vida, ou seja,   provavelmente em alguns casos seriam pessoas que faleceram antes da sua hora.
  Sabia-se igualmente que mesma sorte sofrem aqueles que morreram sem   oportunidade de se lhes prestar um funeral condigno e os ultimos ritos de   enterro.
  A esses, os Gregos denominavam «Atelestoi».
Ora, juntar ao cadaver dessas pessoas a Placa   de Maldição com uma bruxaria ( sempre que possivel, a   Placa de Maldição era amarrada ao defunto),   era influenciar o espirito atormentado desse defundo a atormentar a vida da   pessoa visada pela bruxaria, causando-lhe assim restrições. Essas restrições que   a vitima iria sofrer, iriam a seu tempo conduzir á produção dos objectivos   ditados pela magia que fora feita.
  Se por exemplo uma maldição tinha sido lançada para que um desportista perdesse   uma competição, o espirito do morto ao qual essa pessoa foi «amarrada» iria   actuar na vida dessa mesma pessoa de forma a afectar-lhe e restringir-lhe a   saude tanto psicologica como fisica. A seu tempo, a vitima acabava por ficar   desconcentrada, descontrolada e mesmo fragilizada tanto mentalmente como   fisicicamente,o que facilmente podia conduzir ao aparecimento de lesoes e   subsequentemente á perda de uma competição. Por este breve exemplo, é facil   entender como um espirito que foi «amarrado» á vida de uma pessoa, pode   «restringir» essa mesma de forma produzir os efeitos desejados por uma maldiçao.
  Ao espirito do atormentado era endereçado um pedido, e o atormentado   iria fazer com que esse pedido fosse realizado na vida da vitima dessa bruxaria. 

5-     Como funciona a Bruxaria: as Maldições na forma   das Amarrações
  Tal como se pode verificar por todo o exposto, o   termo «amarração» descrevia nao apenas uma bruxaria com fins   sentimentais ou eroticos, mas antes tudo aquilo que era uma bruxaria.
  Podemos mesmo concluir que o termo «amarração», nasce desta pratica magica de natureza   necromante, ou seja, a bruxaria por via da qual uma maldição era «amarrada» a um morto, de forma a que o espirito   desse morto fosse tambem «amarrado» á alma da pessoa atingida pela feitiçaria,   de forma a que o espirito do morto «restringisse» a sua vitima e assim, fizesse   cumprir na vida da mesma os fins a que o trabalho se propunha cumprir.
  Como tambem podemos facilmente concluir, toda a bruxaria esta fortemente ligada á produção de maldições com fins especificos, e a execução dessas maldições é   conseguida atraves de processos de necromancia, ou seja, por   via da invocação dos espiritos de mortos.
  E logo assim, entendemos que   os espiritos dos mortos, uma vez «amarrados» á pessoa atingida pela bruxaria,   causam nas suas vitimas uma acçao de «amarração», ou seja, «restringe»m a vida   dessa pessoa de tal forma até que nela vao suceder os eventos enunciados pela   maldição.
  Estes esclarecimentos historicos sao importantes, para que se   possa compreender como, na verdade, funciona a bruxaria.

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